Diego Assis
Do G1, em São Paulo
Quando o uniforme do Homem-Aranha já começa a apresentar sinais de desgaste pelo uso e as garras de Wolverine já não parecem mais tão afiadas quanto nos dois primeiros "X-Men", a Marvel Comics tira da manga mais um super-herói para iniciar um novo ciclo nos cinemas. Além de inaugurar uma nova franquia, "Homem de Ferro", que chega ao Brasil nesta quarta-feira (30) – um dia dos EUA – marca a estréia da gigante dos quadrinhos norte-americanos como estúdio de cinema.
Com um orçamento estimado em US$ 186 milhões, o filme dirigido por Jon Favreau (ator que viveu "Foggy" Nelson no filme "Demolidor") tem os elementos certos para se tornar um sucesso. Por seu ineditismo, vem sendo aguardado com ansiedade há décadas pelos fãs fervorosos das HQ, criada originalmente em 1963. Além disso, "Homem de Ferro" tem a também a seu favor o período de estréia, mesmo escolhido no passado para blockbusters como "Homem-Aranha", "X-Men" e "Transformers" e que antecede em poucas semanas os grandes lançamentos do chamado verão americano, que neste ano terá outros páreos duros como "Batman: Cavaleiro das Trevas", da rival DC Comics, "O incrível Hulk", da própria Marvel, além do retorno da série "Indiana Jones". E, por fim, "Homem de Ferro" tem como um de seus maiores trunfos a reunião de um elenco impecável encabeçado pelo ator Robert Downey Jr., na pele do herói metalizado.
Conhecido por sua relação conturbada com as drogas – além, é claro, de memoráveis atuações em filmes como "Chaplin" e "Assassinos por natureza" -, Downey Jr. não poderia ter sido mais apropriado para interpretar o Homem de Ferro, um dos tipos mais politicamente incorretos da editora Marvel. Na HQ, o personagem Tony Stark, alter-ego do herói, é apresentado como um playboy mulherengo, um tanto cabeça dura e louco por uma boa garrafa de uísque.
Com a ajuda do prisioneiro de guerra Yinsen, Tony Stark constrói a armadura que irá salvar a sua vida, em cena de 'Homem de Ferro' (Foto: Divulgação)
Herdeiro e principal cérebro por trás das Indústrias Stark, uma empresa de alta tecnologia que fornece armas de guerra para o exército americano, Stark tem uma relação ambígua (e por vezes irresponsável) com o dinheiro e o poder, o que, na verdade, esconde sua insegurança diante das finalidades às quais suas invenções podem servir. Ferido por uma de suas próprias granadas em uma visita ao Afeganistão, Stark é capturado por guerrilheiros locais e forçado a trabalhar para os inimigos. Em vez disso, constrói com o que tem à mão uma espécie de superarmadura de ferro que lhe dá poderes para conseguir escapar de seus algozes. A experiência o faz repensar os rumos das Indústrias Stark e, dali em diante, o gênio bilionário decide investir todo o seu tempo e recursos em construir algo que possa efetivamente salvar vidas, e não tirá-las: aperfeiçoando o traje de metal com tecnologia de ponta que o transformará no Homem de Ferro.
Ação com coração
Graças ao estágio avançado dos efeitos especiais no cinema, o processo de construção e aperfeiçoamento dos trajes do herói e as cenas de ação no solo ou nas alturas são um espetáculo visual à parte – em especial, a seqüência em que o Homem de Ferro é perseguido por dois caças americanos em pleno vôo, no melhor estilo do clássico "Top gun". Mas é a interpretação irônica e sempre inteligente de Downey Jr. que dá vida (coração?) ao personagem que, sem ele, correria o risco de soar apenas como um ingênuo e enferrujado herói dos tempos das HQs da Guerra Fria. Afinal quão verossímil, em pleno século 21, pode ser um bilionário que decide sair voando por aí combatendo inimigos em uma armadura pintada de vermelho e dourado? Exige bom humor e dedicação ao personagem, e isso o ex-garoto problema de Hollywood demonstra ter de sobra.
Divulgação
Jeff Bridges, como Obadiah Stane, e Gwyneth Paltrow, como Pepper (Foto: Divulgação)
Mas Downey Jr. não está sozinho na missão de transformar o primeiro "Homem de Ferro" em uma promissora franquia para a Marvel nos moldes da galinha dos ovos de ouro, a trilogia de "Homem Aranha". A seu lado está a bela mocinha, vivida pela mais que bela – competente – Gwyneth Paltrow, no papel de Virgina "Pepper" Potts, a dedicada secretária de Stark. Há ainda Terrence Howard, de "Crash", como o militar e melhor amigo de Stark Jim Rhodes, e o talentoso Jeff Bridges, que parece ter saído direto das páginas dos quadrinhos para encarnar o careca e grandalhão Obadiah Stane.
E, como não poderia deixar de ser, "Homem de Ferro", o filme, vem acompanhado de uma trilha sonora da melhor safra de heavy metal: abre com os riffs poderosos de "Back in black", do AC/DC, e fecha com a lendária e auto-indulgente "Iron Man", do Black Sabbath.
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