quinta-feira, 23 de abril de 2009

Lugar de erotismo também é nas HQs.

"Alguma coisa só é impura para quem a considera assim". (BÍBLIA SAGRADA. Epítola aos romanos, 13-14. Petrópolis: Vozes, 1983, p. 1352.)
De acordo com o estudioso de quadrinhos mais renomado do Brasil, Moacy Cirne, “pensar o erótico nas HQs”, significa pensar “o lugar da representação erótica em termos ocidentais na história do próprio erotismo” (200. p. 107). Ainda com base no pensamento de Cirne (200. p. 107), para falarmos em erotismo nas HQs, é necessário diferenciar minimamente o que é erótico e o que é pornográfico.

Embora as diferenças entre os dois conceitos tenham sido já demais analisadas, nem sempre são óbvias. Consideraremos o discurso erótico artístico dos quadrinhos como o não-dito, ou seja, capaz de revelar, de forma sensível bens simbólicos carregados de emoções e significações estéticas, nas palavras de Cirne, uma HQ “grávida de conteúdos estéticos” (2000). Já o discurso pornográfico, como o “(mal)dito enquanto eficácia literária e cultural. Na arte o discurso meramente pornográfico estaria longe de se revelar com a força do discurso erótico.

Independente da linha de análise que se escolha – psicanalítica, marxista, semiológica etc - é sempre difícil falar sobre erotismo. É nada mais, nada menos que uma viagem pela história da humanidade e suas linguagens.

Para falar minimamente sobre erotismo, mesmo que nos quadrinhos, é preciso ter olhos curiosos para a poesia, para a filosofia, para a literatura erótica e para toda a arte erótica, deliciosamente produzida pelo homem. É preciso conhecer àqueles que pensaram o erotismo de maneira livre e sistemática, tais como Georges Bataille, Susan Sontag, Otávio Paz, Roland Barthes, Bachelard, Freud e Lacan, dentre outros.

O ato de criar uma HQ é por si só um ato, senão erótico, mas de prazer. Todo grande artista criador de discursos carrega em sua arte, uma doce sensualidade que provoca, na leitura, imenso prazer. Cirne diz que “escrever e desenhar são gestos amorosamente sensuais”, isso porque a emoção da grafia, tanto verbal, quanto visual, trabalhada pelo autor, acaba passando para o leitor, seduzindo-o. Entretanto, essa emoção não deve ser confundida com sexismos, próprios da pornografia, independente da moral e dos costumes de cada época. Otávio Paz nos ensinou que, “poesia e erotismo nascem dos sentidos, mas não terminam neles. Ao se soltarem, inventam configurações imaginárias" (PAZ apud CIRNE, 2000). O fato é que sem poesia, o discurso das HQs não se sustenta enquanto objeto de arte e, mesmo que não se torne pornográfico, não acrescenta em nada à própria história do erotismo.

Os grandes pensadores, desde os filósofos gregos também alimentaram sua escrita de sensualidade. Para citar um autor monumental da cultura brasileira, Luís da Câmara Cascudo, como exemplo, segue um trecho de Colecionador de Crapúsculos, “O sexo que desejamos vem pelo mesmo caminho de sempre; apenas, outrora, era mais delicado, cheirando a frutas acres dos tabuleiros, com perfume de cajueiros e de espuma do mar.” (CASCUDO apud CIRNE, 2000). Cascudo sugere que nós somos o nosso desejo. Não há quem não deseje, não apenas amorosamente, mas o desejo em todas as suas formas, filosófico, literário, religioso, conceitual ou subjetivo. Somos verdadeiros colecionadores de desejos. Desejo de ser amado, de escrever, de ganhar dinheiro... colecionamos tudo: emoções, derrotas, necessidades, amores, ou simplesmente objetos como gibis, eróticos, ou não. Isso nos faz pensar em Bataille:


O erotismo é um dos aspectos da vida interior do homem. Nisso nos enganamos porque ele procura constantemente fora um objeto de desejo. Mas esse objeto responde à interioridade do desejo. (...) (apud CIRNE, 2000)


O impulso erótico é o que nos move, não necessariamente o impulso sexualizado, mas erótico no sentido da busca pelo preenchimento de nossas lacunas interiores.

Vamos conhecer artistas maravilhosos das HQs, que tiveram sua criação impulsionada pelo erotismo, ora mais, ora menos sexualizado. Obras instigantes e inteligentes que vão fazer você desejar e pensar!




Os italianos Milo Manara, Eleuteri-Serpieri e Guido Crepax


Milo Manara

Manara nasceu em , Luson, South Tyrol. Depois de estudar arquitetura e pintura, o autor estreou no mundo dos quadrinhos em 1960 com a obra Genius um conto noir sensual e sombrio na linha de HQs como "Kriminal" e "Satanik". Trabalhou para publicações menores ("Jolanda", revista de arte soft-core, e a satírica revista "Telerompo") até ter sido convidado pelo "Il Corrierre dei Ragazzi"” trabalhar com escritor Milo Milani. A primeira história dos dois chamava-se "HP e Giuseppe Bergman", de1983. A sigla "HP" é a abreviação do nome de um grande amigo deles, o artista e caricaturista italiano Hugo Pratt. Bergman havia sido criado por Manara cinco anos antes, para a revista francesa “A Suivre”.

Os quadrinhos de Manara geralmente giram em torno de mulheres elegantes, bonitas expostas a cenários e enredos eróticos improváveis e fantásticos. Em alguns de seus livros mais famosos estão os contos "Il Gioco" (1983, em quatro partes, de "Clic"), sobre um dispositivo que deixava as mulheres incontrolavelmente excitadas, e "Il Profumo dell'invisibile " (de 1986, em Bufferscotch), sobre a invenção de uma tinta que deixava seu portador invisível.

Um dos seus trabalhos mais aclamados foi justamente em colaboração com Hugo Pratt. The Ape, para a Heavy Metal, revista mensal ‘’cult’’ do início dos anos oitenta, que reconta a história de Sun Wukong, o deus-macaco da mitologia chinesa - com humor, arte sensual e um série de críticas políticas.


O estilo de Manara favorece linhas mas simples e limpas para mulheres – que são muito voluptuosas, diga-se de passagem - e reservam traços mais complexos para seus monstros ou outros elementos sobrenaturais. Como o seu compatriota Tinto Brass, tem uma evidente fixação por mulheres com bumbuns firmes e bonitos, quadris largos e semblante angelical.

Muitos de seus quadrinhos contêm temas como bondade, sadismo e voyeurismo, coisas sobrenaturais e a tensão sexual sob diversos aspectos da sociedade italiana. Os seus trabalhos são bem esclarecidos e explícitos, mas o humor geral é mais divertido que misogênico. O talento de Manara criou ao longo do tempo um clima de assombro e êxtase, e onde quer que esteja é celebrado e homenageado por fãs, e, devido a muitas de suas incursões aos quadrinhos mais “tradicionais”, também é extremamente reverenciado pela mídia popular ou especializada.

O seu trabalho atingiu o público no continente americano em grande parte por seus trabalhos expostos na revista Heavy Metal. Curiosamente, Manara é menos popular na Itália que na França, onde é considerado um dos quadrinistas mais importantes do mundo.

Em Julho de 2006, Manara desenhou um capacete para Valentino Rossi, feito especialmente para o Grande Prêmio da Itália, em Mugello. Valentino Rossi declarou que “Milo Manara desenhou histórias que se tornaram parte da mitologia da minha vida, seus quadrinhos e alguns dos meus heróis como Steve McQueen, Enzo Ferrari, Jim Morrison, e outros como o meu cão Guido, fora suas muitas e lindas mulheres! Realmente gosto do Milo, e é uma pessoa que irei admirar por muito tempo”.

Serpieri

Paolo Eleuteri Serpieri nasceu no dia 29 de fevereiro, na Veneza da década de 40. Desde cedo demonstrou grande inclinação para as artes.
Teve uma formação artística refinada, estudando no Liceu Artístico, em Roma (Fine Art Academy) com Renato Guttuso. Lá obteve tanto destaque que, ao formar-se foi convidado pela escola a permanecer como professor da disciplina anatomia, tal era a perfeição de seus traços e noções de desenho do corpo humano. Nesta época, iniciava sua carreira de pintor.

Em 1975, Serpieri muda radicalmente de foco quando recebe um convite do editor Michele Mercúrio para trabalhar na revista italiana Lanciostory, escrevendo histórias em quadrinhos. Grande fã do Velho Oeste americano dedicou-se inicialmente às HQs do velho Oeste, como o general Custer, que ganhou vida na revista em 1979. Também desenhou grandes mitos do mundo cowboy para a revista Skorpio e foi co-autor de L'Histoire du Far-West ("A História do Oeste") em HQ para a editora Larousse. Alguns dos títulos foram L'Indiana Bianca (The Índio Branco) and L'Uomo di Medicina (O Homem da Medicina). Logo depois, faria uma versão ilustrada da Bíblia para a mesma editora.

A década de 80
A partir de 1980
Serpieri trabalhou em coleções como Découvrir la Bible, assim como em pequenas histórias para revistas como como L'Eternauta,, Il Fumetto e Orient-Express.

Em 1982, começou a fazer HQs com pitadas de ficção científica, como “Force”, uma história de sete páginas na qual um casal nu é atacado por monstros. A seguir, cria L’Indiana Branca, onde conta à história de Sarah, uma jovem branca criada por índios.
Em 1984, na revista L’Eternauta, desenha La Bestia, uma ficção científica ambientada em clima mexicano. E então… em 1985, durante uma convenção de quadrinhos na Espanha, revela aos amigos que está cansado de fazer um gênero de quadrinhos que exigia tanta pesquisa e que estaria lançando em breve um grande sucesso, com o qual ganharia muito dinheiro.

Em dezembro daquele mesmo ano saia na revista L’Eternauta a personagem Druuna, com a minissérie Morbus Gravis. Logo de cara, a voluptuosa personagem conquistou milhares de leitores. Druuna foi lançada em toda a Europa e, a seguir, teve histórias publicadas nos Estados Unidos. Por aqui, Druuna apareceu nas revistas Heavy Metal e chegou a ter algumas edições especiais publicadas, incluindo um pôster caçaníqueis.

Druuna
Obra-prima do desenhista veneziano. A história narra um futuro apocalíptico. O mundo padece de uma estranha doença, enquanto a personagem Drunna busca a cura para seu amado vagando, em constante fuga, de cientistas malucos, mutantes e loucos insaciáveis.
O cenário é de degeneração, podridão e sujeira. Entretanto tais características ressaltam ainda mais a sensualidade e o erotismo do voluptuoso corpo da protagonista que pouco tem de heroína. O próprio autor fala que Drunna é apenas uma mulher com suas inerentes complexidades do mundo cotidiano.
O que impressiona em Druuna é a lucidez com que Serpieri
mostra
como o corpo pode se tornar uma moeda poderosa diante dos desejos testando os limites da ética e da corrupção, arrancando muitas de nossas máscaras . Lógico que o traço sensual da estonteante Drunna e sua inacreditável disposição para o sexo são grandes atrações da história, mas não é o principal, o que chama muito a atenção é a mulher bela mas muito comum, sem poderes, sensível, boba as vezes, em um mundo doente.
Uma curiosidade instigante é que o autor, por vezes, contracena com Drunna, como o personagem Doc.

Serpieri é conhecido pelo realismo de seus desenhos.

Para Download:

Morbus Gravis I

Crepax
Guido Crepax nasceu em Milão em 1933. Estudou arquitetura, mas depois da formatura, em 1958, começou a trabalhar como artista gráfico e ilustrador publicitário criando cartazes e ilustrando revistas (incluindo a edição italiana da Galaxy), livros e LP (incluindo o famoso azul pintado de azul para Domenico Modugno).
Em 1963 Crepax entra para o mundo das HQs e dois anos mais tarde cria sua famosa personagem Valentina Rosselli. Valentina aparece pela primeira vez na revista Linus como personagem secundária de uma série, como noiva de um crítico de arte, Philip Rembrant (Nêutron). No primeiro episódio intitulado La curva di Lesmo (referência a uma curva do autodromo di Monza), seguido por outros trinta episódios em sete livros. Além disso, ao longo do tempo outros livros como, o Magic Lantern (Lanterna Mágica, de 1977 e Valentina pirata (o primeiro full color).
Valentina, inspirada na atriz do cinema mudo, Louise Brooks, adorada por ele passaria a ser a personagem principal da série, até 1995. As aventuras de Valentina são uma mistura delirante de temas oníricos, fantasias, fetiches, espionagem e uma forte dose de erotismo transgressor obtendo vertiginoso sucesso na Itália e em outros países (sobretudo em França). Nêutron, estava arruinado, o apelo sensual de Valentina falava mais alto, com o tempo, o super-herói foi dando lugar à fotógrafa com tendências sadomasoquistas. Ela ainda seria a estrela de uma revista publicada em quadrinhos, de autoria de Hugo Pratt, a Corto Maltese, inspirada na Odisseia, de Homero.
Crepax criou outras heroínas dos quadrinhos: Belinda, Bianca, Anita e Francesca. A loira Anita, inspirada por Anita Ekberg (a protagonista do filme A doce vida, de Federico Fellini), é a protagonista de uma impressionante história de uma mulher que sente forte atração sexual pela TV. Bianca, por sua vez, tem longos cabelos escuros e aparece em vários livros do autor, incluindo uma versão de Sam os Cursos de Gulliver.Os quadrinhos sobre Francesca não têm qualquer conotação erótica (tratam sobre o cotidiano de um colégio).
Crepax fez adaptações de clássicos da literatura erótica, tais como "Histoire d'O, Justine e Emmanuelle. Em 1977 produziu o homem de Pskov seguido por um ano mais tarde o homem de Harlem (história em quadrinhos sobre o mundo do jazz em Nova York). O último trabalho em 2002, foi a adaptação de Frankenstein, a partir do livro de Mary Shelley.
Os trabalhos de Crepax foram traduzidos em vários países, França, Brasil, Espanha, Alemanha, Japão, EUA Finlândia e Grécia. Em sua carreira, fez até uma pequena incursão pelo mundo do jazz, tendo trabalhado em esporádicas, mas valiosas oportunidades, com a revista de música "Musica Jazz", na qual ilustrou capas de alguns dos suportes de gravação anexados à revista. Isto permitiu a estes registros, se tornarem verdadeiros objetos de coleção e de culto. Ah! O desejo!

Obras
Valentina [ modifica ] [Editar] Valentina • Valentina - (1968) Milano Libri Valentina - (1968), Milão Libri • Valentina speciale - (1969) Milano Libri Valentina Especial - (1969) Milano Libri • Valentina con gli stivali - (1970) Milano Libri Valentina com botas - (1970), Milão Libri • Baba Yaga - (1971) Milano Libri - all'interno di Alì Baba Yaga Baba Yaga - (1971) Milão Livros - dentro Ali Baba Yaga • Ciao Valentina! - (1972) Milano Libri Olá Valentina! - (1972), Milão Libri • Valentina nella stufa - (1973) Milano Libri Valentina no forno - (1973), Milão Libri • Diario di Valentina - (1975) Milano Libri Diario di Valentina - (1975), Milão Libri • A proposito di Valentina - (1975) Quadragono Libri - a cura di Francesco Casetti Sobre Valentina - (1975) Quadragono Livros - por Francesco Casetti • Valentina in giallo - (1976) Milano Libri Valentina em amarelo - (1976), Milão Libri • Valentina assassina - (1977) Milano Libri Valentina assassina - (1977) Milano Libri • Ritratto di Valentina - (1979) Milano Libri Retrato de Valentina - (1979) Milano Libri • Riflesso di Valentina - (1979) Mondadori - Collana Oscar n° 1101 Valentina reflexo - (1979) Mondadori - Oscar Series No. 1101 • Lanterna Magica - (1979) Edizioni d'arte Angolare - Edizione in serigrafia, 300 copie firmate e numerate (edizione economica a cura di Editiemme ) Lanterna Mágica - (1979) Edições Arte Ângulo - silk-screen edição de 300 exemplares assinados e numerados (edição por económico Editiemme) • Valentina pirata - (1980) Milano Libri - a colori Valentina pirata - (1980), Milão Libri - Cor • Valentina sola - (1981) Milano Libri - a colori Valentina único - (1981) Livros Milão - Cor • Valentina, storia di una storia - (1982) Olympia Press - Collana L'avventura del fumetto n° 5 Valentina, uma história de história - (1982) Olympia Press - A Aventura Colecção quadrinhos n ° 5 • Per amore di Valentina - (1983) Milano Libri Pelo amor de Valentina - (1983) Milano Libri • Io Valentina, la vita e le opere - (1985) Milano Libri Valentina I, a vida e de trabalho - (1985) Milano Libri • Nessuno - (1990) Milano Libri Nenhuma - (1990) Milano Libri • Valentina e le altre - (1991) Mondadori - Collana Oscar Valentina e os outros - (1991) Mondadori - Oscar Colecção • Valentina, la gazza ladra - (1992) Rizzoli-Milano Libri Valentina, a pega ladrão - (1992) Rizzoli-Milano Libri • Valentina a Venezia - (1992) Valentina em Veneza - (1992) • E Valentina va... - (1994) Rizzoli-Milano Libri Valentina va ... E - (1994) Rizzoli-Milano Libri • Al diavolo, Valentina - (1996) Raios, Valentina - (1996) • In arte... Na arte ... Valentina - (2001) Lizard Edizioni Valentina - (2001) Lizard Edizioni • Valentina - (2003) Panini Comics Valentina - (2003) Panini Comics Altre eroine di Crepax [ modifica ] [Editar] Outras heroínas Sam • La casa matta - (Bianca, una storia eccessiva) - (1969) Editrice Periodici A louca casa - (White, uma história demasiado) - (1969) Publishing Revistas • Anita, una storia possibile - (1972) Persona/Ennio Ciscato Editore Anita, uma história do possível - (1972) Persona / Cisco Ennio Editor • Bianca,una storia eccessiva - (1972) Edizioni Morgan.Contiene: La casa matta;Odessa 1905;Il collegio delle fanciulle;Quadri straordinari. Bianca, uma história demasiado - (1972) Edições Morgan.Contiene: La Casa Matta; Odessa 1905; O colégio das raparigas; Pinturas extraordinárias. • Histoire d'O - (1975) Franco Maria Ricci Editore - dal romanzo di Pauline Réage Histoire d'O - (1975) Franco Maria Ricci Editore - a partir do romance de Pauline REAGE • Emmanuelle - (1978) Olympia Press - dal romanzo della Arsan Emmanuelle - (1978) Olympia Imprensa - a partir do romance de Arsan • Justine - (1979) Olympia Press - dal romanzo La nouvelle Justine del Marchese de Sade Justine - (1979) Olympia Imprensa - a partir do romance La nouvelle Justine do Marquês de Sade • Hello, Anita! - (1980) L'isola trovata - a colori Olá, Anita! - (1980) encontrou a ilha - em cores • Belinda 1&2 - (1983) Editori del Grifo - Collana Mongolfiera n° 1 Belinda 1 & 2 - (1983) Editori del Grifo - Mongolfiera Série N º 1 • I viaggi di Bianca - (1984) Milano Libri - ispirati a I viaggi di Gulliver di Jonathan Swift Bianca's Travels - (1984) Milano Libri - inspirada pela Gulliver's Travels por Jonathan Swift • Venere in pelliccia - (1984) Olympia Press - ispirato ad un racconto omonimo di Leopold von Sacher-Masoch Vênus em Peles - (1984) Olympia Imprensa - uma história inspirada pelo mesmo nome por Leopold von Sacher-Masoch • Bianca 2. Branco 2. Odesseda - (1987) Editori del Grifo - Collana La nuova mongolfiera n° 11 Odesseda - (1987) Editori del Grifo - Série A nova balão n ° 11 • Emmanuelle l'antivergine - (1990) Rizzoli Emmanuelle a antivergine - (1990) Rizzoli • Eroine alla fine: Salomé - (2000) Lizard Edizioni Heroínas no final: Salomé - (2000) Lizard Edizioni • Crepax 60|70 - (2003) Fiction inc. Sam 60 | 70 - (2003) Ficção inc. Tokyo - con Belinda e Valentina Tóquio - com Belinda e Valentina Le altre opere di Crepax [ modifica ] [Editar] Outras obras por Sam • L'astronave pirata - (1968) Rizzoli - fantascienza O navio pirata - (1968) Rizzoli - ficção • Il dottor Jekill - (1972) Persona/Ennio Ciscato Editore - scritto e disegnato da Crepax da bambino nel 1945 Dr. Jekill - (1972) Pessoa / Editor Ennio Cisco - escrito e desenhado por Sam Childs em 1945 • Bonelli Editore) - Séries Um homem, uma aventura, No. 11, cor • L'uomo di Harlem - (1979) CEPIM ( Sergio Bonelli Editore ) - Collana Un uomo, un'avventura , n° 21, a colori Man in Harlem - (1979) CEPIM (Sergio Bonelli Editore) - • Circuito interno - (1977) Edizioni Tempo Medico Circuito - (1977) Edições Tempo Doctor • Casanova - (1977) Franco Maria Ricci Editore Casanova - (1977) Franco Maria Ricci Editore • L'uomo di Pskov - (1977) CEPIM ( Sergio Bonelli Editore ) - Collana Un uomo, un'avventura , n° 11, a colori O homem de Pskov - (1977) CEPIM (Sergio Séries Um homem, uma aventura, No. 21, uma cor • La calata di Macsimiliano XXXVI - (1984) Editori del Grifo - Collana Mongolfiera n° 3 O baixo Macsimiliano XXXVI - (1984) Editori del Grifo - Mongolfiera Série N º 3 • Conte Dracula - (1987) Rizzoli-Milano Libri - dal Dracula di Bram Stoker Count Dracula - (1987) Rizzoli-Milano Libri - a partir de Drácula de Bram Stoker • Dr.Jekyll e Mr.Hide - (1987) Rizzoli-Milano Libri - dal romanzo di Robert Louis Stevenson Dr.Jekyll e Mr.Hide - (1987) Rizzoli-Milano Libri - a partir do romance de Robert Louis Stevenson • Giro di vite - (1989) Olympia Press - dal romanzo di Henry James Crackers - (1989) Olympia Imprensa - a partir do romance de Henry James • Nessuno - (1990) Milano Libri Nenhuma - (1990) Milano Libri • Le clinicommedie - (1990) Editiemme O clinicommedie - (1990) Editiemme • Il processo di Franz Kafka - (1999) Piemme - dall'omonimo romanzo di Franz Kafka O processo de Franz Kafka - (1999) Piemme - a partir do romance de Franz Kafka • Justine and The Story of O - (2000) ??? Justine e A História de O - (2000)? - novella grafica dei lavori del Marchese de Sade e Anne Desclos rispettivamente - Gráfico romance do Marquês de Sade e Anne Desclos respectivamente • Frankenstein - (2002) Grifo Edizioni - dall'omonimo romanzo di Mary Shelley Frankenstein - (2002) Grifo Edizioni - a partir do romance de Mary Shelley

Um pouco de Louise Brooks, a atriz de cinema que inspirou Crepax...


A Bela dos anos 20.
Desejo o desejo...
Toda a nudez será castigada?


EROTISMO NOS QUADRINHOS BRASILEIROS

A "sacanagem" de Carlos Zéfiro

Carlos Zéfiro é o pseudônimo do funcionário público brasileiro Alcides Aguiar Caminha (Rio de Janeiro, 25 de setembro de 1921 - Rio de Janeiro, 5 de julho de 1992) com o qual ilustrou e publicou, durante as décadas de50 a 70, histórias em quadrinhos de cunho erótico que ficaram conhecidas por "catecismos".

Alcides Aguiar Caminha, carioca boêmio, ilustrou e vendeu cerca de 500 trabalhos desenhados em preto e branco com tamanho de 1/4 de folha ofício e de 24 a 32 páginas que eram vendidos dissimuladamente em bancas de jornais, devido ao seu conteúdo porno-erótico, ficando conhecidos como "catecismos" e chegaram a tiragens de 30.000 exemplares.

Casado desde os 25 anos, com Dona Serat Caminha teve 5 filhos e sempre escondeu de toda a família sua atividade paralela de desenhista e aposentou-se como funcionário público do setor de Imigração do Ministério do Trabalho. Sua identidade somente se tornou pública em uma reportagem da Revista Playboy que foi publicada em 1991, um ano antes de sua morte.

Autodidata no desenho e concluinte do curso de segundo grau somente quando tinha 58 anos, manteve o anonimato sobre sua verdadeira identidade por temer ter seu nome envolvido em escândalo o que lhe traria problemas por se tratar de funcionário público submetido a Lei 1.711 de 1952 que poderia punir com a demissão o funcionário público por "incontinência pública escandalosa" e retirar os proventos com os quais mantinha a família.

Os "catecismos" eram desenhados diretamente sobre papel vegetal, eliminando assim a necessidade do fotolito, e impresso em diferentes gráficas em diferentes Estados, gerando, inclusive, diversos imitadores. Em 1970, durante a ditadura militar, foi realizada em Brasília uma investigação para descobrir o autor daquelas obras pornográficas que chegou a prender por três dias o editor Hélio Brandão, amigo do artista, mas que terminou inconclusa.

Além de seus trabalhos como ilustrador Alcides Caminha foi compositor, inscrito na Ordem dos Músicos do Brasil e parceiro de Guilherme de Brito e Nelson Cavaquinho, com quem compôs quatro sambas para a Mangueira, entre eles os sucessos: Notícia, gravado por Roberto Silva na década de 50, e A Flor e o Espinho.

Em 1992 recebeu o prêmio HQMix, pela importância de sua obra. Após sua morte teve um trabalho publicado como homenagem póstuma em 1997 na capa e no encarte do cd "Barulhinho Bom" da cantora Marisa Monte. Em 1998, as vinhetas de abertura e intervalos do Video Music Brasil 1998, da MTV Brasil foram claramente inspiradas nos folhetins de sua obra.



Obras

Títulos de histórias em quadrinhos:

  • Acerto | Alba | Alice | Aline | Amigos | Amor | Amor à Três | Andréa | Ângela, a Professora | Anjo Mau | Asa Sul | Assaltante, O | Atleta
  • Bacana | Bailarina | Benta | Biruta | Boas Entradas | Bom Começo
  • Carlos e Leda | Carnaval | Carnaval 1 | Carnaval 2 | Carona 1 | Carona 2 | Castigo, O | Célia | Celita | Cientista, O | Cínia | Clara 1 | Condessa, A | Conselheiro, O | Conselhos Quadrados | Copacabana 1967 | Criada, A | Cura, A
  • Decisão | Degraus da Vida | Desastre 1, O | Desastre 2, O | Desforra, A | Despedida | Destino 1 | Destino 2 | Desvario | Diana, a Sacerdotisa | Difícil, A | Dilza | Divórcio 1 | Divórcio 2 | Domada pelo Sexo 1 | Domada pelo Sexo 2
  • Edy | Encontro, O | Entrevistador, O | Escolhida, A | Estupro | Eu e Leda 1 | Eu e Leda 2 | Eu e o Coroa | Eu Fui Hipie 1 | Eu Fui Hipie 2 | Eu Fui Hipie 3 | Eu Fui Hipie 4
  • Família | Farsa | Faxina | Férias de Amor 1 | Férias de Amor 2 | Filho do Diabo, O | Fim de Trauma | Flora | Formatura | Frutos Proibidos | Fugitivo, O
  • Garçonete | Gata | Gilka | Golpe do Baú 1 | Golpe do Baú 2 | Golpe do Baú 3
  • Helen | Hélia | Hotel dos Prazeres
  • Índia, A | Irene | Íris | Irmã da Índia, A | Ivete
  • Janaina | João Cavalo (este foi seu maior sucesso) | João Cavalo na Fazenda | Júlia | Julinha
  • Kátia
  • Lagarto, O | Laura | Lealdade | Leda | Lia | Lili | Lua de Mel 1 | Lua de Mel 2
  • Mara e o Pintor | Margô | Maria, a Proibida | Maria Lúcia, a Capixaba | Marina | Mauro 1 | Mauro 2 | Medo | Mestra, A | Meu Primo 1 | Meu Primo 2 | Minha Vida no Convento | Modelo
  • Nayá | Néa, a Aeromoça | Negra | Negrinha, A | Nélia | Nilda | Nilza | Nora | No Reiro | Noviço, O
  • Odaléa
  • Parafuso e a Mulher Biônica | Parceira | Passeio | Pato, O | Pecadora | Pensão | Pinicada, A | Pinta, A | Prefeita | Promoção | Proteção | Pudor | Pupila 1, A | Pupila 2, A | Putas Também Gozam, As
  • Quem é o Pai?
  • Resgate, O | Reveillon | Robinson Crusoé Século XX | Robinson Moderno
  • Safari | Seca | Semi-Virgem | Senhoria | Sítio, O | Strip-Tease | Suzete
  • Tânia | Tarada | Tarzan | Tentação | Titia | Titio | Trem de Luxo 1 | Trem de Luxo 2 | Troco, O | Tuca
  • Último Estalo, O
  • Vedete | Vera | Viagem | Vida Amorosa de Dorian Gray | Vida, Paixão e Morte de um Sofá | Vingança, A | Viúva 1 | Viúva 2 | Viúvo Alegre | Vizinha, A
  • Xexéu
  • Zelma 1 | Zelma 2
ÁLBUM DE TRABALHOS DE CARLOS ZÉFIRO
Faça Downloads de algumas obras de Carlos Zéfiro
A pecadora
A despedida
O Castigo
Estupro
Celita

Site em homenagem ao mestre das HQs eróticas, no Brasil:

http://www.carloszefiro.com/capas3.cfm

A arte de Júlio Shimamoto

Júlio Shimamoto nasceu em Borborema, cidade do interior de São Paulo. É descendente da uma família de samurais aristocratas do Japão, que decaíram com o tempo. Já fazia seus primeiros rabiscos aos cinco anos de idade, quando sua família se mudou para uma região próxima ao Mato Grosso. Seu pai era administrador de fazenda, e conseguiu um emprego por lá.

A casa onde moravam ficava à beira de uma estrada de terra batida, numa terra de grande conflito. Jagunços passavam com freqüência em sua moradia, para descansar e tomar água. Em um desses dias, voltavam de um ataque, e um deles estava morto. Esse fato foi tão marcante para o jovem Shimamoto, que ele admite ter sido muito influenciando em tudo o que faz e cria como quadrinhista.

O primeiro contato com quadrinhos foi através da tira Mutt & Jeff, na época, publicada no jornal O Estado de S. Paulo. Certo dia, junto com os jornais que seu pai pegava na comarca mais próxima, todos os fins de semana, vieram três revistas em quadrinhos "com cheirinho agradável de impressão", admite o criador. As três eram da Marvel, uma com o Capitão América e seu parceiro Buck lutando contra soldados nazistas; outra com o Tocha Humana e seu companheiro Centelha jogando bolas de fogo sobre alguns gângsteres; e a última com o Príncipe Namor brigando contra os japoneses. Obviamente, Shimamoto não gostou desta, e resolver criar sua própria revista. Usava papel de embrulho e partes brancas de jornais para criar histórias de soldados japoneses derrubando os americanos. Por três anos, essa foi sua principal forma de diversão. Quando não tinha papel, desenhava em chão de terra, com pedaços de gravetos.

Em 1947, ganhou dois almanaques de 300 páginas (O Tico-Tico e Globo Juvenil), enviados por uma prima de Borborema. Isso ajudou a aumentar ainda mais sua paixão pelos quadrinhos. Na escola, acabou conhecendo dois amigos (também nisseis), que eram colecionadores de revistas. Acabou pegando mais de 100 emprestadas e, pela primeira vez, pôde se deliciar com várias histórias.


No ano de 1949, voltou para Borborema e foi morar na casa de sua prima. Lá, tinha mais contato com revistas, o que acabou afetando seu desempenho na escola. Sabendo disso, seu pai juntou todas as publicações e as queimou no quintal. Mas isso não diminuiria seu amor pela arte.

Começou a estudar mais desenho, mas como não tinha dinheiro para cursos, e não gostava dos livros que ensinavam "como desenhar passo-a-passo", resolveu praticar no esquema de erros e acertos. Seu primeiro projeto se chamava Orquídea Negra e foi apresentado à Editora Ebal, que o recusou. Depois de uma rápida passagem como desenhista auxiliar, resolveu voltar às HQs. Levou o segundo projeto até Miguel Penteado (o editor da Ebal, na época). Novamente, recebeu um não como resposta, mas Miguel o estimulou, deixando-lhe a "porta aberta", tanto que, mais tarde, o contratou para uma revista de terror, quando realizou seu primeiro trabalho profissional.

A seguir, conseguiu emprego na editora La Selva, mas, por problemas internos com os editores, acabou sendo despedido. Imediatamente, seguiu para a editora Continental, onde um grande boom para os quadrinhos nacionais teve início, com vendas astronômicas. Infelizmente, o sucesso fez os donos da companhia abusarem e deixarem os negócios de lado. Acabou fundando com alguns amigos a ADESP - Associação de Desenhistas de São Paulo, onde lutavam pelos direitos dos artistas nacionais. Acabaram sendo boicotados pelas grandes editoras, e a idéia naufragou.

Ao sair dessa empreitada, foi convidado para integrar a CETPA - Cooperativa Editora de Trabalho de Porto Alegre. Flavio Colin e Renato Canini (ambos com suas tiras sendo publicadas pelo Universo HQ), também estavam presentes. Mas, com o golpe militar, a CETPA chegou ao fim. Nesta mesma época, Mauricio de Sousa, antigo amigo de Shimamoto, o convidou para fazer uma tira no jornal Folha de S. Paulo. Surgia, assim, O Gaúcho, que foi publicado entre 1964 e 1965.


Em 1972, mudou-se para o Rio de Janeiro. Conseguiu trabalho na recém-fundada agência de publicidade Caio Domingues e Associados. Foi a melhor época profissional para Shimamoto, onde conseguiu retorno financeiro e vários prêmios. Cansado e com saudades dos quadrinhos, pediu demissão para voltar à sua paixão. Trabalhou com as editoras Bloch, Vecchi e Grafipar, fazendo histórias eróticas e de terror.

Na década de 80, precisando de dinheiro para sustentar sua família, voltou para a publicidade, fazendo storyboards e manuais de treinamento para empresas. Em 1996, novamente afastado das agências de propaganda, tem um grave problema de saúde e é obrigado a extrair um rim e uma costela, por causa de um tumor maligno. Voltou a desenhar em 1995 e, desde então, publicou nas revistas Metal Pesado, Fêmea Feroz e HQ - Revista do Quadrinho Brasileiro, além de lançar a edição especial Volúpia, pela editora Opera Graphica.

Obras

Tiras

  • Fidêncio0, o gaúcho (Folha de S. Paulo, 1964 - 1965, republicado na revista Carabina Slim pela Editora Noblet e em 2007 como revista pela SM Editora de José Salles

Revistas
  • Spectro
  • Pesadelo
  • Sobrenatural
  • Metal Pesado
  • Fêmea Feroz
  • HQ - Revista do Quadrinho Brasileiro
  • Coleção Assombração (Ediouro, 1995)
  • Carga Pesada (RGE, início dos anos 1980)
  • O Fantasma (RGE - 1980)
Álbuns
  • Sombras (Opera Gráphica, 1998)
  • Volúpia (Opera Gráphica, 2001 - original em 1978 - 1981)
  • Musashi I (2003)
  • Musashi II (2003)
  • Madame Satã: Sassino (2003)
  • SUBS (2006, Ulisses Tavares e Júlio Shiamoto
  • Claustrofobia (Devir, escrito por Gonçalo Júnior)

Compilações
  • Shima - HQs clássicas de um samurai dos quadrinhos (Editora Marca de Fantasia, 2007)


Nico Rosso: terror e sensualidade


Nico Rosso (19 de julho de 1910, Turim, Itália - † 10 de outubro de 1981, Brasil) foi um desenhista de histórias em quadrinhos, professor e publicitário ítalo-brasileiro. Estudou retrato com os mestres Giácomo Grosso e Giovanni Reduzzi. Estudou na Academia Albertina de Turim. Após perder quase todos os seus para a guerra, se transferiu para o Brasil, chegando no Porto de Santos no dia 03 de outubro de 1947. Sua família chegou logo depois em 09 de abril de 1948. Foi diretor de arte da Editora Brasilgráfica. Trabalhou também na Escola Panamericana de Artes, fazendo parte do corpo docente fundador da instituição. Em1951 ilustrou para a Editora Melhoramentos ("Edições Melhoramentos") uma cartilha - “Leitura 1” – Série Braga, de Erasmo Braga.


Possivelmente seus trabalhos mais conhecidos consistem de histórias do gênero terror, mas trabalhou além de terror em outros gêneros, como histórico, infanto-juvenil, humor e guerra.

Seus traços perfeitos delineavam os personagens de Drácula e Naiara, a filha de Dracula, Lobisomem, entre outros.


Deixou as atividades artísticas em 1976 por razões de saúde. Seus estúdios sofreram uma inundação, o qual foi responsável por perdas de quase todo o seu acervo bibliográfico e também exemplares de suas obras e originais e em seguinda Rosso sofreu derrame cerebral e um infarto. Era canhoto e com o tempo se desenvolveu como ambidestro.


Quem é NAIARA - Uma bonita loira, sempre vestida com roupas curtinhas e decotadas, provocando os homens para... beber-lhes o sangue. Lançada mais ou menos na mesma época da também deliciosa Mirza, Naiara foi criação do mestre desenhista Nico Rosso, escrita por Helena Fonseca, e publicada pela Editora Taika. As poucas revistas que pude folhear, infelizmente, não especificam o ano, mas, vendo as propagandas, imagina-se que tenha sido entre 1967 e 1968.

Naiara é filha do Rei dos Vampiros, o Conde Drácula, mas os dois se mostram sempre como inimigos mortais, um querendo ferrar o outro. Apesar de muito feminina e provocante, Naiara tem atitudes bem sádicas, especialmente para se livrar dos seus inimigos.

Um dos detalhes interessantes da personagem, é que a vampira loira não gosta de morder pescoços. Sua maneira de se alimentar é bem sofisticada: bebe sangue em taças, e fura os pescoços com facas, estiletes e outras armas perfurantes. Ela também não se importa de usar outras armas para matar: revólveres, explosivos, fogo, etc. Na época de sua aparição, em plena repressão e censura da ditadura militar implantada em 1964, Naiara tirava a roupa, provocava e excitava os homens, mostrando os seios e transando, nas revistas. Nem os índios escaparam de seu charme mortal: um tal Purú comeu o pão que o diabo amassou nas mãos de Naiara. Numa das amostras neste blog, Naiara cruza as pernas e se mostra, deixando os índios doidões.

Infelizmente, pelo que se sabe, Naiara não mais apareceu nas revistas de terror brasileiras. Bem que a Opera Graphica, que anda tentando resgatar o passado da HQ no Brasil, e mesmo a HQ brasileira atual, poderia nos presentear com a republicação desse raro material.


Obras

  • Revista Terrir
  • Revista Estranho Mundo de Zádo Caixão (1969)
  • Revista Contos de Terror
  • Seleções de Terror
  • Targo
  • Era Xixo um Astronauta? (Humor - Chico Anysio)
  • Teve histórias publicadas também na revista Spektro
  • Naiara, a filha do Drácula (anos 60)
  • Lobisomem, escrita por Gedeone Malagola e desenhada por Rosso (Opera Graphica, 2002).

Site do artista: www.nicorosso.kit.net


PELO MUNDO AFORA

Enki Bilal

Enki Bilal (batizado como Enes Bilalović) é um cineasta, desenhista e roteirista de histórias em quadrinhos francês.

Nasceu em Belgrado, Sérvia (antiga Iugoslávia), em 7 de outubro de 1951, e mudou-se para Paris com nove anos de idade. Lá, tempos depois, em colaboração com Pierre Christin, se iniciaria no mundo das HQs, criando histórias de grande beleza plástica, coloridas em tons neutros cortados aqui e ali por vermelhos sangrentos e, muitas vezes, com cenários de Ficção Científica.

Aos 14, conhece Renné Goscinny, e encorajado resolve se tornar desenhista de quadrinhos. Começa a trabalhar na revista Pilote, e publica sua primeira história, Le Bol Maudit, em 1972.


A partir de 1975, começou a colaborar com o roteirista Pierre Christin numa série de histórias, de teor surreal e sombrio, às vezes enveredando pela ficção científica.